7.21.2005

DFA 1979 HEY


Os singles, maxis, 7, 12 polegadas, 33, 45, rotações sempre foram um espaço privilegiado para a experiência, para o manifesto, para a apresentação, para a descovberta. è por isso que existem tantos "one hit wonder" e igual número de artistas que esgotaram tudo aquilo que tinham para dizer ao mundo em algumas espiras e depois limitaram-se a aborrecer e a encher chouriços para justificar um álbum. Não há necessidade.
Vem isto a propósito do cd single "Blood In Our Hands. Ouvimos por curiosidade, insaciável. Enquanto não começava a tocar, reparámos na lombada. Death From Above 1979. What?Guitarras. Punk hardrock, metal, solo de guitarra azeiteiro. Lado B. Remistura de Justice. Será o do drum’n’bass? Não, é outro gajo qualquer. Sounds like DFA, mas não é. Mas podia ser. Motorhead! Vs electro punk fuck vs Queens of The Stone Age e ainda uma certa atmosfera Daft Punkiana. Vêm aí o solo de guitarra. Cool. No limite da paciência e do bom gosto. Mudam-se os tempos, os ritmos, a coisa funciona. Definitivamente Queens of The Stone Age-iano com Liars e White Stripes e electricidade ao barulho, com toque de modernidade do género, "nós acompanhamos". Tem força, boa onda.
Os Death From Above 1979 são uma dupla baixo e bateria e voz de Toronto. Ao contrário do que parece, ninguém diria, não usam guitarras. Conheceram-se na prisão e praticam, pelo pouco que ouvimos e lemos, aqui e ali, uma espécie de nu hardcore retro metal com costela de punk e saídas de emergência por solos azeiteiros quando tal lhes passa pela cabeça, ou vice-versa. Confirma-se. O segundo álbum de originais da banda chama-se "You’re A Woman, I’m A Machine" e nós não o ouvimos, voltamos a frisar. O que nos chamou a atenção, primeiro, foi o nome evocativo dos DFA de James Murphy. Pelo que apurámos, também este facto chamou a atenção do guru maior da cena electro-rock punk-funk e daí o acrescento de 1979 ao nome original dos canadianos, com comentário apenso colhido no Pitchfork: "FUCK DFA RECORDS FUCK JAMES MURPHY WE DECLARE JIHAD ON THEM HOLY WAR ENDING IN THIER DEATH AND DISMEMBERMENT... james murphy is a selfish piece of fuck that will burn in the flames of a specially dedicated rock and roll jihad. if i had the resources i would fly a plane into his skull." A coisa começa a ter piada... E tem ainda mais perceber que não há nada como arriscar, assumir o risco e gostar do que se gosta simplesmente porque sim. É a música sem fronteiras/ emotividade vs factor uau ao seu melhor, com sentido de humor à mistura. E nem sequer somos obrigados a ouvir o resto do disco. É o prazer seminal de Pessoa aplicado à música.