11.23.2005

GANDA FESTA!!!!!!!!!!!!!!



Jamie Lidell começou por ser mais um tipo estranho e obscuro numa editora marginal e maldita, a Warp. Hoje, ambos gozam um invejável e inesperado sucesso. Curiosamente, tanto Lidell como a Warp alicerçaram a sua reputação no experimentalisto torcido e declarado e conquistaram, têm vindo a conquistar as massas, paulatinamente, com o reconhecimento do chamado publico alternativo mas também com uma aproximação formal, da estética sonora, mais acessível e imediata, ainda que não menos transgressora nem subversiva, ao consumidor mais “mainstream”.
No início, o pequeno James estudava música, tocava percussões e outros instrumentos e não resistia ao apelo da electrónica. Estudou física, tirou o curso, apanhou um febrão pelo caminho e um dia, em que virou à esquerda em vez de seguir em frente, encontrou a filosofia e provavelmente até terá trocado algumas ideias sobre o assunto. Ou seja, ao contrário da maioria dos jogadores de futebol, conseguiu conciliar a formação académica com a paixão musical e felizmente optou pela segunda.
Estreou-se com o álbum “Muddlin' Gear” e foi internado na ala psiquiátrica da electrónica. Como profilaxia e tentativa de cura, propuseram-lhe audições para os “Commitments” de Alan Parker, mas preferiu dedicar-se à terapia de grupo com Cristian Vogel e surgiram os Supercoolider. No mesmo ano, 1999, editaram “Head On” e Lidell iniciou-se na vertigem do groove, numa espécie de space funk odyssey com alma . Nunca mais recuperou. “Raw Digits”, o segundo álbum, cumpriu a expectativa de sublimação do dark side da soul de Jamie Lidell, e depois da colaboração com a Mathew Herbert Big Band percebeu-se que algo de muito importante estaria prestes a eclodir na sua vida... Terá sido a remistura que fez para The Audience, de Matthew Herbert, a pedra de toque. Lidell utilizou um programa de randomização de palavras e foi combinando aleatoriamente as sopas de letras originadas até dali surgir algum sentido. A nova letra foi agora usada no tema “Music will not last”.
Com a recente edição de "Multiply", Jamie Lidell o antigo agente provocador ao serviço da electrónica radical, transmutou-se (diríamos memso galvanizou-se) e assumiu o soul man que sempre existiu dentro dele. O resultado foi o aplauso unânime, conquistando criticas favoráveis em todo o lado. Capa da Wire, páginas na Straight No Chaser, Dazed and Confused, Pitchfork ou no Guardian, contribuiram para o reconhecimento do público e em Portugal, mostrou o que valia de pijama vestido e chinelos de quarto revelando uma alma do tamanho do mundo e uma disponibilidade para o espectáculo/ entretenimento magnética e contagiante. Tanto no disco, como em palco, desnuda a alma e dá o corpo ao manifesto, cresce e multiplica-se e afirma-se como soul man capaz de fazer as delícias dos fãs de Otis Redding, Marvin Gaye, Stevie Wonder, Sly Stone, Prince, Funkadelic ao mesmo tempo que é comparado a D'Angelo e até aos Jamiroquai. Enquanto isto, não perde adeptos na secção da weird electronica. Tudo arranjado e subtilmente torcido por uma estrutura musical que assenta que nem uma luva na voz quente, cheia e expressiva de Lidell, mas que apesar do apelo pop e química imediata não se verga a quaisquer tipo de cânones do "mainstream" (até porque á algumas excepções à estética soulfoul dominante, arritmias, rare funk groove, pequenas trips psicadélicas, como pisacares de olho em sono rem, torrões de afro-beat, ...), continuando ( como nos filmes de terror, há sempre uma centelha de mal que nunca se extingue...) a assumir a necessidade de inventar e surpreender, ainda que mais subtilmente.
Um disco fantástico que poderá surpreender apenas quem não ouviu com atenção o último álbum de Supercollider, ou não reparou que no melhor da aventura jazzística da Mathew Herbert's Big Band constava o aviso cantado por J.L, "Everything Changed".
Tudo mudou para ainda melhor. Ao vivo tudo pode acontecer. Ele já nos avisou. Alimenta-se do público. Portanto, preparem-se, sábado, festa oxigénio, com Jamie Lidell à solta no Sabotage a fechar os concertos às quatro da manhã.
À meia-noite há Who Made Who, às duas, Jackson and His Computer Band. Pelo meio e até ao fim há DJ's Oxigenio All Stars.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

jamie lidell às quatro!!!
acho mal. não consigo :(

23/11/05 10:34  
Anonymous Anónimo said...

Há bilhetes... para os ouvintes? Ou seja, borlas?!

Cláudio

23/11/05 14:01  
Blogger RP said...

Há bilhetes em passatempo. Estejam atentos.

Em relação aos horários, a discussão é sempiterna e as conveniências e apetências vareiam. Por mim, o Lidell tocava à 1 o mais tardar...

24/11/05 06:54  
Anonymous Anónimo said...

para mim também...
parece que mais uma vez o jamie lidell vai tocar para meia dúzia de resistentes, os quais não serão concerteza os maiores fâs... parece que nunca teremos um concerto dele em condições aceitáveis... (coitado do homem!!!)
enfim, política de"lux" : (

24/11/05 10:36  
Anonymous Anónimo said...

pelo que se passou no ano passado duvido que às 4am apenas sobrem resistentes.

estamos a falar de um sábado à noite, caramba.

os fãs esperam de certeza.

24/11/05 14:06  
Anonymous Anónimo said...

Who Made Who rulez.... grande álbum :-)

25/11/05 09:38  
Anonymous Anónimo said...

Grande concerto, adorei

30/11/05 19:22  

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