10.12.2005

PSYCHO CHICKEN



Na ressaca do hype crescente do Bucovina Club, do projecto discográfico e noites dedicadas em Frankfurt (as pessoas dividem-se em dois tipos genéricos: as que escrevem Francoforte e as outras) pelo nosso velho conhecido Shantel, e outras aventuras musicais tão abrangentes e diversas como o encontro das Voix Bulgaires (em francês no original) do Ensemble Pirin com Ray Lema e Professor Stefanov; dos 3 mustapha 3, Ivo Papasov, Vartina, Hedningarna, Klezmatics, Solomon and So-Called, ou o incontornável Kusturica, filmes, bandas sonoras e Non-Smoking Band, ou até aventuras mais laterais como os Minimal Compact ou Hector Zazou com Sussan Dehim a pregar no deserto ou até Bill Laswell a produzir os Aisha Kandisha's Jarring Effects...
Eis que dois israelitas, Ori Kaplan e Tamir muskrat radicados há 10 anos no underground nova-iorquino e que entre outras coisas menos Kosher colaboraram com os Gogol Bordello e Firewater, ouviram tudo o que acima citámos, certamente, , resolveram partir do imaginário e do acervo da música bâlcanica, ou bulcanica (caso prefiram o eixo Aveiras-Matosinhos), em ambiente de pista de dança tipo club tipo sandes (ou entalado), e testar as possibiliaddes de cruzamento/entroncamento de influências de música klezmer, música africana, marroquina, arábica, rock, flamengo, hip-hop, electrónica, punk, utensílios de cozinha, samples de heavy metal francês, etc. o resultado é o projecto balkan beat box e respectivo álbum de estreia com o mesmo nome. começa bem e desenvolve-se melhor, demonstrando poder de fogo na captação dos impulsos físicos mais primários, para depois crescer por vias mais ou menos experimentalistas capazes de espicaçar teorias da conspiração estrambólicas (e o termo é pertinente e elucidativo) e estabelecer laços de cumplicidade pela via da partilha de segredos bem guardados como a receita da cabidela de galinha num kibbutz (Kibbutz é com dois bês, não é ?). A capa não mente.
(Woody Allen também não. Existirá aqui um paradoxo? Ou simplesmente uma aculturação por via gastronómica ligada aos prémios IgNobil? estratégias, meus amigos, cada um terá as suas. A nossa é mesmo a da dispersão e evocação de um estranho ambiente de delírio... Mais travessas, menos portas, lá se chegará.)
Uma caixa de ritmos, de música, de Pandora, que, segundo contam, ao vivo, ganha uma dimensão de hedonismo bacante com vjs, dj, corpo de baile, burlesco, e surpresa, o género luz e cor, watts de som, mas em bom, quer-nos parecer. e provavelmente, no dia seguinte, acorda-se com a memória em branco e o corpo dorido.