11.29.2005

DISCO - ALICE RUSSEL



Alice Russel já demonstrou que tem um talento enorme e uma voz capaz de arrepiar o ouvido mais empedernido. Depois das co-operações com Quantic, Quantic Soul Orchestra e TM Juke, e antes da fantástica versão de “7 Nation Army” dos White Stripes feita a meias com Nostalgia 77, lançou “Under The Munka Moon”, onde comprovou à saciedade que é uma cantora vintage, com porte de diva e voz a condizer, emocionante, negra e versátil.
A estes dotes que por si só bastam para encher uma canção, junta o bom gosto na escolha dos produtores/artistas com quem trabalha e a quem também inspira. O novo álbum de Alice chama-se “My Favourite Letters” e leva-nos numa viagem ao seu país das maravilhas, no caso, sonoras. Nitidamente mais segura e confiante do que na estreia, Alice passeia-se pela memória passada e presente da música negra, e pela mão de TM Juke, por coordenadas de funk e soul, à deriva entre o rare groove e a pop, com contaminações de jazz, bossa ou gospel, entre os arranjos grandiloquentes ou a intimidade de um Rhodes. Depois de um bom disco e de um muito bom disco, não restam dúvidas de que será sempre a sensibilidade sonora e a escolha do(s) cumplice(s) para a composição e produção que farão a diferença, porque a voz está lá e cada vez melhor. Resta saber qual será a evolução musical e a visão de Alice Russel nos próximos tempos, mas isso ninguém poderá prever. Até lá, onde e quando for, não nos faltarão motivos para ouvir Alice Russel. Não sejam maus para ela...